Ana Botafogo lamenta atraso de salários no Municipal: “Um momento difícil”
“Ainda não recebemos o salário de março nem o 13º”, diz ela

Um dia após o protesto feito por artistas e funcionários do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, nas escadarias do local na terça-feira (9), contra os atrasos de salários, Ana Botafogo lamenta a situação. “Estou muito preocupada com os rumos do balé. Aqui no Rio, estamos passando um momento difícil. Ainda não recebemos o salário de março nem o 13º”, afirma a bailarina mais famosa do Municipal, que atualmente dirige o balé do teatro.

Apesar da crise, Ana acaba de colocar o ponto final na autobiografia que vai comemorar seus 40 anos de carreira, relembrando triunfos e dores dentro e fora dos palcos. “Uma vez, tive uma grande distensão muscular durante o balé Dom Quixote, no Municipal do Rio, e não pude terminar o terceiro ato. Uma bailarina me substituiu”, conta Ana, que completará 60 anos em julho. “Apesar de ter me despedido dos grandes clássicos há três anos, sigo perto da dança”, diz ela.
Também para celebrar as quatro décadas de palco, Ana acaba de fazer uma festa assinada por Nicole Ofeiche e Luciana Josetti, para comemorar os 10 anos da grife que leva seu nome. O agito foi no hotel Rio Othon Palace e apresentou a nova coleção desenhada pela estilista Alessandra Folganes, com uma pegada mais descolada. Ana bateu um papo papo com a coluna.

É dura a vida da bailarina?
É, sim. É uma vida de dedicação e muita disciplina. Os piores momentos se deram quando eu não estava dançando por estar machucada. Mas sou considerada uma sortuda pela minha longa carreira. Tive poucos machucados sérios, nunca precisei operar nada. A dura rotina de ensaios, as dores, contraturas musculares e as cãibras são recompensadas quando estamos no palco.
Quem é a nova Ana Botafogo?
Não gosto de apontar uma substituta, acho que isso não existe. Mas temos muitas bailarinas promissoras, muita gente nova surgindo. É uma geração de muita técnica, coloco muita fé nos nossos novos bailarinos clássicos.

Você ficou viúva duas vezes. Como teve força para continuar?
Foram períodos muito difíceis e usei a dança para me salvar. Precisava trabalhar mais que nunca. Talvez, se tivesse outra profissão, poderia me dar ao luxo de parar por um tempo. Mas uma bailarina depende da sua forma física e não podemos deixar de nos exercitar. Voltar a fazer aulas de balé e dançar nesses períodos foi uma questão de sobrevivência.

A crise chegou ao mundo do balé?
Infelizmente, sim. Estou muito preocupada com os rumos do balé. Aqui, no Rio de Janeiro, estamos passando um momento difícil. E isso também tem afetado os artistas e funcionários do Theatro Municipal. Acabamos de receber o salário de fevereiro, mas ainda não recebemos o de março nem o 13º. Pelo fato de os nossos governantes fazerem pouco da nossa cultura, procurei sempre, eu mesma, democratizar e popularizar a dança, formando uma nova geração de plateias, barateando as entradas e fazendo espetáculos didáticos nas escolas. Tento fazer a minha parte como cidadã.
BRUNO ASTUTO 0/05/2017 – 08h00 – Atualizado 10/05/2017 15h37 | POR BRUNO ASTUTO
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